Da Venezuela ao Oriente Médio — Redes Extremistas e o Impacto na Segurança Internacional
- José Adauto Ribeiro da Cruz

- há 1 dia
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Venezuela e o Tabuleiro Geopolítico: Israel, EUA e os Riscos na América Latina
As Forças Armadas de Israel pressionam ainda mais a a Venezuela e pressionam ainda mais o governo dos Estados Unidos a não ficar apenas em promessas e avançar contra o regime ditatorial de Nicolás Maduro, mandando um recado direto ao Brasil de Lula.
A crescente tensão em torno da Venezuela deixou de ser apenas um tema regional e passou a ocupar espaço central nas preocupações estratégicas de Israel, dos Estados Unidos e de aliados no hemisfério ocidental.
Entre o Oriente Médio e a América Latina: A Convergência que Preocupa Israel
No centro desse debate está o estreito alinhamento político, econômico e diplomático entre o governo de Nicolás Maduro e atores do Oriente Médio classificados por Israel e por governos ocidentais como organizações terroristas, como o Hezbollah e o Hamas.
Para Tel Aviv, essa convergência representa um risco que ultrapassa as fronteiras venezuelanas e pode gerar impactos diretos sobre a segurança global.
Autoridades israelenses e centros de análise estratégica vêm argumentando que a Venezuela, isolada por sanções severas e sob pressão internacional, teria se tornado um ambiente propício para a expansão da influência de grupos apoiados pelo Irã.
A parceria entre Caracas e Teerã é vista como um eixo fundamental dessa estratégia, permitindo não apenas cooperação econômica e logística, mas também a criação de redes políticas, financeiras e operacionais que poderiam servir de base para atividades clandestinas no continente americano.
A principal preocupação de Israel é que a presença desses grupos na Venezuela não se limite a acordos diplomáticos simbólicos, mas evolua para uma plataforma de projeção de poder.
Segundo essa leitura, a América Latina poderia se transformar em um novo espaço de recrutamento, financiamento e apoio logístico para organizações que historicamente atuam no Oriente Médio.
Essa possibilidade é vista como extremamente perigosa, pois ampliaria o alcance dessas redes, dificultaria o monitoramento internacional e criaria novas rotas de atuação fora das áreas tradicionais de conflito.
Do ponto de vista israelense, o risco não se restringe à segurança de Israel em si. A expansão dessas redes poderia afetar diretamente países das Américas ao se entrelaçar com estruturas já existentes de crime organizado transnacional.
Narcoterrorismo e Geopolítica: O Papel da Venezuela e os Desafios para o Brasil
Tráfico de drogas, contrabando de armas, lavagem de dinheiro e corrupção são elementos que, segundo analistas de segurança, poderiam servir como canais para sustentar financeiramente grupos considerados terroristas, criando uma simbiose entre militância ideológica e criminalidade organizada.
Nesse contexto, o Brasil surge como uma peça sensível e estratégica. Israel observa o país com atenção redobrada, não apenas por sua dimensão territorial e econômica, mas também por sua posição geopolítica e por abrigar grandes comunidades imigrantes e extensas fronteiras de difícil controle.
Serviços de inteligência israelenses já apontaram em diferentes momentos a existência de atividades suspeitas atribuídas a células extremistas no território brasileiro, especialmente em áreas associadas ao tráfico internacional e ao contrabando.
Além disso, há preocupações quanto a possíveis conexões entre facções criminosas brasileiras, cartéis de drogas sul-americanos e redes ligadas a grupos do Oriente Médio.
Para Israel, essa convergência entre crime organizado e extremismo ideológico representa uma ameaça indireta, mas real, pois cria uma infraestrutura capaz de apoiar operações fora do radar tradicional do contraterrorismo internacional.
A Venezuela, nesse cenário, é frequentemente apontada como um elo central. Think Tanks e autoridades alinhadas à visão israelense argumentam que o governo Maduro teria permitido, de forma deliberada ou por conveniência estratégica, a atuação dessas redes em seu território.
A acusação de que Caracas se tornou um polo de narcoterrorismo aparece de forma recorrente em relatórios e análises, associando o regime venezuelano a uma ampla rede que envolveria cartéis de drogas, grupos armados e aliados do Irã.
Para Israel, permitir que essa estrutura se consolide representaria repetir erros do passado, como os que antecederam grandes conflitos internacionais.
O paralelo com a guerra do Iraque surge justamente na disputa narrativa, acusações graves, riscos globais e a tentativa de mobilizar aliados antes que a ameaça se torne, segundo essa visão, irreversível.
A diferença central, no entanto, é que Israel demonstra a disposição histórica de agir de forma unilateral quando considera sua segurança existencial em risco.
Essa postura já foi demonstrada em diversas ocasiões no Oriente Médio, com operações direcionadas contra lideranças de grupos considerados terroristas, inclusive em territórios estrangeiros, e, em alguns casos, contrariando a cautela diplomática dos Estados Unidos.
A mensagem implícita é clara: caso Washington e seus parceiros hesitem em enfrentar o que Israel percebe como uma ameaça emergente na América Latina, Tel Aviv adotaria contramedidas próprias, ainda que isso gere atritos diplomáticos.
Os Estados Unidos, por sua vez, se encontram em uma posição delicada. Reconhecem a gravidade das acusações relacionadas à Venezuela, ao narcotráfico e à influência iraniana, mas enfrentam limitações políticas e estratégicas para uma ação direta de grande escala.
Israel, nesse contexto, atua como um importante agente de pressão, alertando que a inação pode permitir a consolidação de uma nova frente de instabilidade próxima ao território norte-americano.
Israel, Maduro e o Brasil: Tensões e Alianças em Disputa Global
Para o Brasil, a situação é particularmente complexa. O país mantém tradição diplomática de equilíbrio no Oriente Médio e relações formais, tanto com Israel quanto com países alinhados à causa palestina.
Ao mesmo tempo, precisa lidar com desafios internos de segurança pública e crime organizado, que, segundo analistas internacionais, poderiam ser explorados por redes extremistas estrangeiras. Qualquer movimento mais assertivo tende a gerar custos políticos internos e externos.
Em última instância, a preocupação de Israel com a Venezuela transcende Caracas e se insere em uma disputa geopolítica mais ampla, envolvendo Irã, Estados Unidos e a reorganização de alianças globais.
A América Latina, historicamente vista como periferia dos grandes conflitos do Oriente Médio, passa a ocupar um papel mais central nesse tabuleiro.
Para Israel, ignorar essa dinâmica significaria permitir que seus adversários ganhem espaço, influência e capacidade de ação em uma região estratégica com consequências potencialmente globais.


