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CONEXÃO PCC — Topo do comando do Crime Organizado no Brasil recebe duro golpe

  • Foto do escritor: José Adauto Ribeiro da Cruz
    José Adauto Ribeiro da Cruz
  • há 2 dias
  • 14 min de leitura
 — Imagem/Reprodução: Operações deflagradas pela Polícia Federal contra PCC e o Crime Organizado.
 — Imagem/Reprodução: Operações deflagradas pela Polícia Federal contra PCC e o Crime Organizado.

Adauto Jornalismo Policial*


Oito pessoas continuam foragidas após as três megaoperações da Polícia Federal (PF) contra o PCC e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. Das 14 ordens de prisão emitidas nas operações Quasar, Tank e Carbono Oculto, apenas seis foram cumpridas.


O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, considerou o fato “não é uma estatística normal” e a corporação passou a investigar a hipótese de um possível vazamento de informações.


   — Imagem/Reprodução: Oito foragidos após megaoperação da Polícia Federal.
   — Imagem/Reprodução: Oito foragidos após megaoperação da Polícia Federal.

A Operação Tank, a maior delas, mirava em uma das maiores redes de lavagem de dinheiro do Paraná. De acordo com o Ministério da Justiça, o grupo criminoso atuava desde 2019 e teria movimentado mais de R$ 23 bilhões.


A rede era composta por centenas de empresas, incluindo postos de combustíveis e distribuidoras. A PF informou que o número de presos se manteve em seis até a manhã desta sexta-feira (29).


As outras duas operações também combatiam crimes sofisticados. A Operação Quasar visava uma organização que usava fundos de investimento para ocultar patrimônio ilícito, com suspeitas de ligação a facções criminosas.


Já a Operação Carbono Oculto desmantelou um esquema de fraudes, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, também controlado pelo crime organizado.



CONEXÃO PCC Faria Lima quer o dinheiro do crime sem sujar as mãos, diz sociólogo que estuda o PCC

   — Imagem/Reprodução: Operação teve 350 mandados de busca e apreensão em 8 Estados.
   — Imagem/Reprodução: Operação teve 350 mandados de busca e apreensão em 8 Estados.

Adauto Jornalismo Policial*


As operações deflagradas pela Polícia Federal, Receita Federal e órgãos como o Ministério Público de São Paulo (MPSP) contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) na última semana revelaram uma complexa estrutura de negócios mantida pelo grupo no setor de combustíveis.


As atividades se espalham por todas as etapas da cadeia e chegam inclusive ao mercado financeiro. São bilhões em importações ilegais e sonegação de impostos, adulteração de combustíveis, uso de redes de postos para lavagem de dinheiro e de fundos de investimento para ocultação de recursos de origem ilícita.


Expostas nesta quinta-feira (28/8), as engrenagens do esquema reiteram uma característica do crime organizado neste século 21 já bem conhecida por quem pesquisa esse tema: a atuação simultânea nas economias legais e ilegais.


É o que aponta o sociólogo Gabriel Feltran, diretor de pesquisa no Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e professor titular da Sciences Po, em Paris. Ele é autor de Irmãos: Uma História do PCC e nos últimos anos tem estudado os mercados ilegais transnacionais entre Américas, Europa e África.


Em entrevista à BBC News Brasil, Feltran diz que a presença do PCC em fundos e fintechs da Faria Lima não o surpreendeu.


Ele questiona, contudo, a concepção de que o crime organizado se infiltrou no centro financeiro de São Paulo, ideia repetida pela subsecretária da Receita Federal, Andrea Costa Chaves, ao detalhar a investigação.


"Não sei bem quem está 'se infiltrando'. Será que não são os faria limers, políticos e outros os que querem se infiltrar, para se apropriar da economia bilionária dos mercados ilícitos?", argumenta Feltran.


"O mercado financeiro quer esse dinheiro criminal, ativamente, e pensa como fazer para tê-lo sem sujar as mãos", ele acrescenta.


Feltran também desafia a ideia de que a operação da última semana chegou ao "andar de cima" do PCC, como expressou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.


"Quando caem os operadores, a facção cai junto? Ou ela os substitui? Até hoje, ela os tem substituído facilmente, da mesma forma como um aplicativo substitui seus entregadores ou motoristas", ressalta o pesquisador.


Leia, a seguir, a entrevista


'Será que não são os faria limers , políticos e outros os que querem se infiltrar, para se apropriar da economia bilionária dos mercados ilícitos?', questiona pesquisador.


BBC News Brasil - Qual o alcance dessa operação da PF? Ela atinge de fato o "andar de cima" do PCC ou está mais voltada a operadores e intermediários?


Gabriel Feltran - Em 2020, houve uma operação da PF muito similar, chamada "Rei do Crime". Antes, houve operações também muito grandes contra o PCC, dezenas. A concepção é correta do ponto de vista policial: investigação, análise das redes criminais e ação interinstitucional. Mas o fato é que o PCC não mostrou sinais de fadiga depois delas e, ao contrário, continuou crescendo.


Não há passe de mágica: a operação tem 200 mandados de prisão, o PCC tem dezenas de milhares de integrantes, milhões de operadores contratados para atividades intermediárias.


Os valores operados já eram bilionários em 2020, agora são ainda maiores. Qual é o aprendizado que retiramos dessas experiências? O primeiro é sobre que PCC é esse que as operações enfrentam.


Será que o PCC funciona nessa estrutura de "andares", centralizando todo o dinheiro no topo, como vende a narrativa policial-jornalística?


Ou foi se constituindo numa plataforma de negócios na qual atuam milhares de empreendedores criminais autônomos, de diferentes tamanhos e ramos da economia, inclusive legais?


Sabemos separar, nesse montante identificado, o dinheiro que é dos operadores individuais e o que é dos caixas da organização?


O dinheiro com origem em negócios legais, dos ilegais? Quando caem os operadores, a facção cai junto? Ou ela os substitui?


Até hoje, ela os tem substituído facilmente, da mesma forma como um aplicativo substitui seus entregadores ou motoristas. Há que se conhecer melhor o fenômeno que se "combate".


BBC News Brasil - O montante identificado é significativo dentro do faturamento total do PCC?


Feltran - Claro. Estamos falando de R$ 60 bilhões identificados, só nessa operação. A maior empresa do Brasil – a Petrobrás – lucrou R$ 36 bilhões e faturou R$ 115 bilhões em 2024. Até hoje se pensa que os mercados ilegais são marginais, a despeito de todas as evidências de que eles são absolutamente centrais na nossa economia. Esse dinheiro participa diretamente do nosso PIB.


Empresários legais sofrem com a concorrência ilegal, claro. Mas do ponto de vista macroeconômico, a produção de valor ilegal é plenamente apropriada na economia formal, em muitos países, porque ela também é global.


O dinheiro identificado nas "contas do PCC" não é apenas de origem ilegal: as estratégias de ocultação misturam rapidamente dinheiro limpo e sujo. Tampouco sabemos quanto é da organização, e quanto é de operadores privados que estão nas redes de negócio da organização.


BBC News Brasil - O que o senhor acha da fala da subsecretária da Receita Federal sobre a "invasão do crime organizado na economia real e no mercado financeiro"?


Feltran - Depois de mais de vinte anos estudando esses temas, acho engraçada essa ideia de "infiltração". Até porque não sei bem quem está "se infiltrando". Será que não são os faria limers, políticos e outros os que querem se infiltrar, para se apropriar da economia bilionária dos mercados ilícitos?


Porque vejamos bem: o valor bilionário é produzido ilegalmente, e está chegando aos grandes fundos financeiros. Monta-se então empresas de intermediação, que fazem esse dinheiro sujo ter cara limpa para circular como finança. Não há um movimento ativo, nos mercados formais e financeiros, para capturar esse valor produzido ilegalmente? As elites não se interessam por essa acumulação?


A sociologia econômica tem algo a ensinar aqui: dinheiro é sujo ou limpo até determinada escala. Depois, a sua qualidade é a sua quantidade.


BBC News Brasil - A presença do PCC em fundos e fintechs da Faria Lima, com infiltrados e não apenas empresas de fachada, surpreende o senhor? Sempre se especulou sobre a ligação do crime com camadas mais altas da economia — Vieira Souto, Jardins, Faria Lima. Esse envolvimento ainda surpreende ou já era esperado?


Feltran - A integração das economias lícitas nas ilegais não me surpreende nem um pouco, as conclusões de nossos projetos de pesquisa apontam para isso. Onde há muito dinheiro, os que gostam de dinheiro vão "crescer o olho". Quando estudamos a cadeia de valor de carros e autopeças roubados, o interesse de elites financeiras nesse dinheiro criminal já era evidente, assim também no caso da cocaína.


Fizemos, como grupo de pesquisa, algumas entrevistas na Faria Lima, entre 2021 e 2022. Conversamos com operadores do mercado financeiro sobre como o dinheiro ilegal chegava ali.


As conversas começavam assim: "Há muitos controles, é muito difícil ter dinheiro de origem ilegal aqui". Mas depois de duas horas conversando: "É, você sabe, tendo muito dinheiro, tudo é possível".


O mercado financeiro quer esse dinheiro criminal, ativamente, e pensa como fazer para tê-lo sem sujar as mãos.


BBC News Brasil - Como o senhor avalia a complexidade desse esquema?

Movimentações em combustíveis e outros setores "clássicos" já eram esperadas. Há algo de novo ou surpreendente nesse caso específico? O uso de fintechs pelo PCC é uma inovação ou apenas adaptação de práticas já conhecidas de lavagem de dinheiro?


Feltran - Para o universo criminal brasileiro, o PCC significou uma enorme inovação, ainda não compreendida. Os últimos dez anos de expansão internacional são ainda menos compreendidos.


A primeira geração de facções, o CV, o "Tudo 2", faz controle territorial armado e extorsão. O PCC é de uma geração posterior, aposta no controle de cadeias de valor e usa a violência, quando preciso, nessa direção.


É o "Tudo 3", outra forma de fazer o crime presente em todos os Estados do Brasil. Não querem apenas os postos de gasolina, querem controlar a cadeia toda dos combustíveis, se possível todo o setor. Não é claro isso nessa operação? Fazem assim em todas as cadeias nas quais atuam. Da produção à distribuição, passando pela regulação.


Os mercados ilegais funcionam na forma de ampulhetas. Muitos operadores baixos na produção, muitos no varejo, mas poucos operadores no centro da cadeia de valor – os "traders". Ali se concentra o poder sobre a cadeia. Uma miríade de empreendedores, pequenos e grandes, se relaciona por meio dessa intermediação, que tem lógica "plataformizada".


No PCC, a coordenação dessa plataforma não é personalizada, é feita institucionalmente. Se cair um, há outro que entra no lugar e opera a máquina. Empreendedores criminais têm seus negócios próprios, mas ninguém pode tocar no dinheiro da organização.


Esses empreendedores reinvestem seus lucros em mercados legais e ilegais. Então a própria ideia de "lavagem de dinheiro" fica obsoleta. Não há dinheiro sujo "antes" e uma "lavagem" para deixá-lo limpo, depois.


Há esquemas associados entre mercados ilegais e legais, nos quais o dinheiro de diferentes origens se acumula, de forma muito difícil de detectar.


BBC News Brasil - Essa operação representa mesmo, como dizem Lula e Lewandowski, a maior resposta já dada ao crime organizado no país, ou há um exagero com viés político?


Feltran - Minha preocupação não é, sinceramente, com governo A ou B. O modelo de segurança pública no Brasil é um desastre que se reproduz, de governo a governo, nos últimos 40 anos.


Temos um problema de direcionamento de políticas de Estado, não de governo, na área de segurança. Estamos reféns de uma concepção que vê segurança como guerra, não como uma área de política pública.


Policiais inflamados por essa ideologia funesta se sentem guerreiros, heróis, não operadores de política pública. Vão à igreja orar para enfrentar essa guerra moral, desprezam quaisquer áreas de conhecimento, matam e se matam mais do que em qualquer lugar do mundo, é um desastre sem proporções.


O Brasil não fez o mínimo, que outros países democráticos fizeram, para ter segurança pública. Era preciso rever o direcionamento estatal, e não governamental, das políticas de segurança.


BBC News Brasil - A oposição tem sido acusada de ter favorecido esse esquema ao bloquear regras mais rígidas para fintechs na época da crise do Pix. Há indícios de conivência política com o PCC ou essa relação não se sustenta?


Feltran - Não penso que exista, no PCC, uma visão político-institucional coesa. A ideologia fundamental da facção é "contra o sistema". Mas o sistema parece bastante interessado em partilhar os lucros das economias ilegais.


BBC News Brasil - O PCC consegue facilmente substituir esse tipo de lavagem de dinheiro por outros mecanismos caso esse seja bloqueado?


Feltran - No começo dessa conversa lembramos da operação policial de 2020, muito similar a essa. Ali já víamos mecanismos bastante parecidos com os que vimos essa semana. Temos que aprender um pouco com a experiência.



CONEXÃO PCC Redes Boxter e Sol Fuel são citadas em investigação de elo com PCC no setor de combustíveis

   — Imagem/Reprodução: Redes Boxter e Sol Fuel são citadas em investigação de elo com PCC no setor de combustíveis.
   — Imagem/Reprodução: Redes Boxter e Sol Fuel são citadas em investigação de elo com PCC no setor de combustíveis.

Adauto Jornalismo Policial*


Pelo menos uma rede grande de postos e uma distribuidora de gasolina de São Paulo estão sendo investigadas pela Ministério Público paulista por envolvimento no esquema ligado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor.


As redes Boxter (postos de combustível) e Rede Sol Fuel (distribuição) são citadas nos pedidos de busca, apreensão e prisões enviados à Justiça para autorizar a megaoperação que mirou o braço do crime organizado no setor de combustíveis na quinta-feira (28).


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O proprietário da Rede Sol Fuel, da região de Ribeirão Preto, o empresário Valdemar de Bortoli Júnior, foi identificado pelos promotores como “pessoa de sólidos vínculos com diversas entidades e indivíduos envolvidos nas fraudes e lavagem de capitais”, segundo apuração do g1.



Valdemar é dono da Sol Fuel e também de postos de gasolina de bandeiras ainda não divulgadas.


Promotores dizem que a Rede Sol é uma das empresas cujas notas comerciais foram adquiridas pelo Mabruk II Fundo de Investimento, no valor de R$ 30 milhões. O fundo é um dos 40 investigados pela Receita Federal como financiadores das aquisições do PCC no mercado de combustíveis.


Os promotores também dizem que o Mabruk II Fundo de Investimento adquiriu de Valdemar de Bortoli cerca de R$ 190 milhões em debêntures (títulos de dívida emitidos por empresas para captar recursos) da Rede Sol Fuel.


A operação foi chamada pelos investigadores de “instrumentalização para lavagem de capitais”.


“A emissão de debêntures por empresas de Valdemar de Bortoli Júnior e Mohamad [Hussein Mourad o 'Primo', líder geral do esquema], e a aquisição pelo Mabruk II Fundo de Investimento geram incerteza sobre a idoneidade dos ativos, sugerindo que o fundo é usado para inserir valores sem origem no sistema financeiro e ocultá-los”, dizem os promotores.


Por meio de nota, a Rede Sol Fuel Distribuidora disse que não é alvo da operação Carbono Oculto – do MP-SP, PF e Receita Federal – e que compartilha a base logística em Jardinópolis com diversas empresas do setor investigadas.


“Ressaltamos que todas as atividades da Rede Sol são conduzidas em estrita conformidade com a legislação vigente, cumprindo rigorosamente suas obrigações fiscais, tributárias e regulatórias, reafirmando nosso compromisso das normais legais que regem o mercado de combustíveis”, afirmou.


Em nota, a defesa de Mohamad Mourad informou que "repudia veementemente as ilações de seu envolvimento com tráfico de drogas e crime organizado e afirma que provará sua inocência no curso da investigação". "Trata-se de uma afirmação infundada, que não encontra respaldo em nenhuma prova dos autos, é que foi criada apenas com a finalidade de atingir a reputação de empresas que atuam licitamente no mercado. Ate o momento, não existe nenhum indício concreto que permita extrair qualquer ligação com tráfico de drogas e com as atividades ilícitas do PCC."


O g1 também procurou a defesa de Valdemar de Bortoli Júnior. Nas redes sociais, ele também se apresenta como diretor-presidente do Sindicato das Distribuidoras (Sinbracom).


O advogado da empresa e do sindicato, Ricardo Saldanha, emitiu uma nota neste sábado (30) dizendo que "Valdemar De Bortoli Junior, desde a fundação da empresa em 1998, faz parte de sua trajetória e sempre pautou sua atuação empresarial pela honestidade, integridade e estrito cumprimento da legislação, construindo ao longo de mais de duas décadas uma história de dedicação e credibilidade no setor de combustíveis".


A empresa também diz que "é absolutamente inverídica a informação de que a Companhia teria mantido qualquer relação financeira, econômica ou negocial com o fundo de investimento denominado Mabruk II, ou com quaisquer outros citados na operação deflagrada pelo Ministério Público e pela Receita Federal".


"A título de esclarecimento, a Companhia informa que, em 13 de novembro de 2023, realizou emissão de nota comercial no valor de R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais), operação conduzida de forma regular, devidamente registrada e em plena conformidade com a legislação e normas aplicáveis. Ressaltamos que tal emissão não possui qualquer vínculo com o referido fundo", afirmou.


Rede Boxter


Com cerca de 150 postos de gasolina espalhados pelo estado de São Paulo, a Rede Boxter também é citada na investigação e acusada de ter ligação direta com integrantes do PCC.

Os promotores ainda não conseguiram elementos que afirmem que todas as lojas da rede fazem parte do esquema criminoso, mas ao menos 61 unidades já têm indícios de envolvimento.


Liderada pelo empresário Natalício Pereira Gonçalves Filho e seus filhos, a rede já tinha sido alvo da Operação Rei do Crime, em 2020, quando a Polícia Federal descobriu uma rede de 50 postos de combustíveis que eram usadas para legalizar o dinheiro vindo do tráfico de drogas e beneficiar o PCC.


Na época, a Boxter foi o principal alvo dos agentes federais. Segundo a Operação Carbono Oculto desta semana, familiares de José Carlos Gonçalves, o Alemão – citado em outras investigações como agente do PCC responsável pela lavagem de dinheiro da facção – fazem parte do quadro societário da Boxter.


"Alemão possui conexões tanto com a Rede Boxter quanto com a Família Gonçalves Salomão. Seus irmãos - Maria Luiza Gonçalves e João Carlos Gonçalves - o sucederam nos quadros societários de empresas. (...) A dinâmica de substituição de quadros societários e empresas por grupos distintos, mas interligados, é identificada como uma manobra fraudulenta para acobertar os beneficiários finais [do esquema]”, disseram os investigadores.


Os promotores dizem que após a operação Rei do Crime, “a Família Gonçalves Salomão (ligada a Alemão) repassou postos de combustíveis para Ricardo Romano, que também tem mídia negativa com vinculação ao PCC e teria ameaçado Antonio Vinicius Gritzbach”, o empresário delator da facção que foi executado no Aeroporto de Guarulhos, no ano passado.


Segundo a investigação, Alemão também é apontado como uma das pessoas-chave do esquema criminoso atual, “devido aos seus sólidos vínculos com atividades ilícitas, especialmente lavagem de capitais e ligações com organizações criminosas”.


“Ele possui ligações fartas com o PCC e é suspeito de atuar como financiador do tráfico e na lavagem dos recursos respectivos. É mencionado em investigações criminais por organização criminosa e lavagem de dinheiro. José Carlos Gonçalves e sua filha também foram investigados e presos em uma operação policial relacionada a crimes de organização criminosa e lavagem de capitais. A natureza das provas contra ele é descrita como ‘farta’ em relação à sua ligação com o PCC e atividades criminosas”, informa o MP-SP.


O contador de todo o esquema é apontado como sendo Marcello Ognibene da Costa Batista, que também é descrito como alguém que tem “intrínsecas conexões com diversos grupos investigados por fraudes, lavagem de capitais e vínculos com o crime organizado”.


Uma dessas conexões de Ognibene é justamente com a Rede Boxter e com Luiz Felipe do Valle Silva do Quental de Menezes, descrito como laranja da família de Alemão. Luiz Felipe é responsável por 61 postos de combustíveis, que outorgaram procurações para Marcello Ognibene da Costa Batista.


Dos 61 postos (vários da Rede Boxter) em que Luiz Felipe aparece como responsável, 23 pertenceram a Gabriel Cepeda Gonçalves e há “sinais claros de simulação e fraude”.

“A Rede Boxter e a família Cepeda Gonçalves foram investigadas e presos na ‘Operação Rei do Crime’ por crimes de organização criminosa e lavagem de capitais, com suspeita de relação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). (...) José Carlos Gonçalves, vulgo ‘Alemão’, possui conexões com a Rede Boxter e a família Gonçalves Salomão, e é associado ao PCC e a atividades de financiamento de tráfico e lavagem de dinheiro”, concluiu a investigação.


O g1 tentou contato com os responsáveis pela rede e os donos citados na investigação, mas não teve sucesso até a última atualização desta reportagem.


Íntegra da Nota – Rede Sol Fuel Distribuidora S.A.


"Em atenção à reportagem veiculada pelo portal G1 em 30 de agosto de 2025, a Rede Sol Fuel Distribuidora S.A. vem a público esclarecer que é absolutamente inverídica a informação de que a Companhia teria mantido qualquer relação financeira, econômica ou negocial com o fundo de investimento denominado Mabruk II, ou com quaisquer outros citados na operação deflagrada pelo Ministério Público e pela Receita Federal.


A título de esclarecimento, a Companhia informa que, em 13 de novembro de 2023, realizou emissão de nota comercial no valor de R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais), operação conduzida de forma regular, devidamente registrada e em plena conformidade com a legislação e normas aplicáveis. Ressaltamos que tal emissão não possui qualquer vínculo com o referido fundo.


Todas as informações econômico-financeiras relacionadas a essa operação constam nas demonstrações financeiras auditadas e publicadas em nosso site institucional, evidenciando o compromisso da Companhia com a transparência, a governança corporativa e o cumprimento da lei.


A Rede Sol jamais descontou notas comerciais, jamais manteve qualquer relação com o Fundo Mabruk II e, sobretudo, jamais teve ou terá qualquer vínculo com o crime organizado. Assim, ficará inequivocamente comprovado no curso do processo que o Ministério Público incorreu em erro crasso ao atribuir à Rede Sol eventual ligação com o referido fundo e com práticas criminosas.


Importante destacar que Valdemar De Bortoli Junior, desde a fundação da empresa em 1998, faz parte de sua trajetória e sempre pautou sua atuação empresarial pela honestidade, integridade e estrito cumprimento da legislação, construindo ao longo de mais de duas décadas uma história de dedicação e credibilidade no setor de combustíveis.


Para maior clareza e acesso público, todas as operações financeiras e econômicas relacionadas ao tema podem ser consultadas no link oficial: Demonstrações Financeiras, em especial na Nota Explicativa nº 13


A Rede Sol Fuel Distribuidora S.A. mantém rigorosas políticas internas de ética, integridade e conformidade, observadas por todos os seus colaboradores e executivos, reafirmando o compromisso inegociável da Companhia com a legalidade, a conduta empresarial responsável e a confiança de seus clientes, parceiros e da sociedade".



* Com suporte de IA Copilot fornecido pelo Microsoft


 

REFERÊNCIAS:

                 


 
 
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