CRIMES POLICIAIS — Ex-delegado geral da Polícia Civil executado no litoral atuou há mais de 20 anos na prisão de Marcola e no combate ao PCC
- José Adauto Ribeiro da Cruz

- 15 de set.
- 4 min de leitura
Atualizado: 16 de set.

Adauto Jornalismo Policial*
Ex-delegado geral da Polícia Civil executado no litoral atuou há mais de 20 anos na prisão de Marcola e no combate ao PCC
O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, de 68 anos, assassinado a tiros na tarde desta segunda-feira (15) em Praia Grande, no litoral paulista, atuou há mais de 20 anos na prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no estado.
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As autoridades ainda não sabem quem matou o ex-delegado e qual foi o motivo do crime. Duas hipóteses estão sendo consideradas no momento para explicar o homicídio de Ruy:
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Vingança do PCC em razão da atuação histórica da vítima contra os chefes da facção;
Reação de criminosos contrariados pela atuação dele à frente de Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande.
O atual delegado-geral, Arthur Dian, deixou a capital paulista e foi para o litoral para participar das investigações iniciais.
Câmeras de segurança gravaram o momento em que criminosos num carro perseguem o veículo da vítima, que bate num ônibus. Em seguida, o grupo desembarca do automóvel e atira em Ruy (veja vídeo nesta reportagem).
A morte de Ruy foi confirmada pela Prefeitura de Praia Grande, onde ele comandava a pasta de Administração desde 2023. Antes, no entanto, foi uma das autoridades mais atuantes diante da facção criminosa e de seu chefe, Marcola.
"Estou em choque, fui o último a falar com ele [por telefone]", disse ao g1 Marcio Christino, ex-promotor que atuou no combate à quadrilha e suas lideranças, no início dos anos 2000 juntamente com Ruy, que à época era delegado no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), na capital paulista. Atualmente Christino é procurador de Justiça.
Christino chegou a mencionar a atuação de Ruy como delegado contra o Primeiro Comando da Capital no livro "Laços de sangue: A história secreta do PCC", que escreveu com o jornalista Claudio Tognolli. Foram mais de 40 anos como policial.
Ruy comandou a Polícia Civil paulista entre 2019 e 2022, quando foi indicado pelo então governador João Doria, à época no PSDB. Ele também atuou no Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc) e no Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
"[Ruy] foi uma das pessoas que prendeu o Marcola ao longo da história do PCC, que esteve passo a passo nesse enfrentamento ao PCC, e ser executado dessa maneira. Isso mostra, infelizmente, o poderio do crime organizado, a falta de controle que o crime organizado tem dentro do Brasil, dentro do estado de São Paulo.
É uma ação extremamente ousada", disse Rafael Alcadipani, professor da Faculdade Getulio Vargas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Ruy se tornou delegado depois e começou a investigar o PCC no início dos anos 2000. Quando esteva no Deic participou das prisões de algumas das lideranças, incluindo Marcola, por tráfico de drogas, formação de quadrilha e outros crimes relacionados à facção.
"A Secretaria da Segurança Pública lamenta, com profundo pesar, a morte do delegado Ruy Ferraz Fontes, ocorrida nesta segunda-feira (15), em Praia Grande, vítima de um atentado no bairro Vila Mirim", informa trecho da nota da pasta da Segurança do estado.
Em 2006, ele e sua equipe de policiais indiciaram Marcola e a cúpula do Primeiro Comando da Capital.
Segundo Christino, ele, Ruy e todas as autoridades, sejam elas do MP ou da polícia que atuaram no combate à facção já foram ameaçados antes pelo PCC. "Ele [Ruy], eu e todos que trabalharam naqueles casos, inclusive nos ataques de 2006".
Em 2006, ordens do PCC de dentro das cadeias determinaram uma série de ataques contra agentes de segurança pública por causa da decisão do governo paulista de transferir as lideranças da facção, incluindo Marcola, para o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior do estado.
Indagado se Ruy lhe contou se estava recebendo ameaças recentemente, Christino respondeu que "não".
"Lamento o assassinato do delegado aposentado Ruy Ferraz Fontes, secretário em Praia Grande e ex-delegado geral. Determinei integração de força-tarefa, com prioridade definida pelo gov. Tarcísio, para prender os criminosos. O procurador-geral de Justiça ofereceu o apoio do GAECO", postou em sua rede social Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).
* With AI Copilot support provided by Microsoft
REFERÊNCIAS:

