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Crime policial na Avenida Brasil: médicos denunciam abordagem com tiros e ameaças

  • Foto do escritor: José Adauto Ribeiro da Cruz
    José Adauto Ribeiro da Cruz
  • 19 de jul.
  • 3 min de leitura
   — Imagem/Reprodução: Policiais civis da Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Contra a Vida (DERCCV) irão investigar o caso.
 — Imagem/Reprodução: Policiais civis da Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Contra a Vida (DERCCV) irão investigar o caso.

Adauto Jornalismo Policial*


Segundo informações do RJ2 e g1, dois médicos recém-formados denunciaram que sofreram uma abordagem violenta de policiais militares na noite da última segunda-feira (14), na altura do Trevo das Margaridas, na Avenida Brasil, Zona Norte do Rio.


O carro em que eles estavam foi atingido por tiros e o motorista, um jovem negro de 26 anos, foi rendido com um fuzil apontado para a cabeça. A namorada dele, de 28 anos, também médica, se jogou do veículo durante os disparos.


"Em nenhum momento eles pensaram que poderiam ter acabado com a nossa vida", disse a jovem ao RJ2


O casal, que preferiu não ter sua identidade revelada, registrou ocorrência na Polícia Civil e na Corregedoria da PM. Eles afirmam que os policiais não estavam identificados e que, durante a abordagem, ouviram ameaças e xingamentos.


Um dos agentes teria dito que “mirou na cabeça” do motorista e que ele “teve sorte”.


Acharam que era um arrastão


O episódio aconteceu por volta das 23h, quando os dois voltavam de carro de uma viagem a São Paulo. Ao saírem da Rodovia Presidente Dutra em direção à Avenida Brasil, notaram veículos dando ré na pista.


"Achei que era um arrastão. Dei ré também, com medo. Foi quando vimos uma viatura da PM vindo na contramão, com o giroflex ligado. Ela subiu num canteiro e sumiu. Achamos que o perigo tinha passado e seguimos viagem", contou o motorista.


Poucos metros depois, começaram os tiros. O casal afirma que não havia blitz sinalizada e que a via estava completamente escura.


"Veio um policial do canteiro, fardado, com o fuzil apontado para a minha cabeça. Ele gritava, me xingava, mandou eu sair do carro. Me jogou no chão e ficou o tempo todo com a arma apontada para mim, perguntando se eu tinha droga, se tinha arma, o que a gente estava fazendo ali", relatou o médico.


A namorada, ao perceber os disparos, abriu a porta e se jogou do carro.


"Pensei: se eles virem que tem uma mulher no carro, talvez parem de atirar", disse ela.


Carro atingido e pertences revirados


O veículo do casal foi periciado pela Polícia Civil. Os agentes encontraram pelo menos três marcas de tiros: duas nas rodas, que furaram os pneus, e uma na mangueira do freio.


O casal afirmou que, durante a abordagem, os policiais abriram todas as portas do carro, jogaram roupas e documentos no chão e não prestaram socorro após a abordagem.


"A gente pediu ajuda, estávamos com os pneus furados, num lugar perigoso. Eles disseram que não podiam fazer nada e foram embora", contou o motorista.



Segundo as vítimas, os policiais não usavam identificação visível nos uniformes. Apenas um deles portava câmera corporal, mas o casal não sabe se o equipamento estava ligado. Eles também afirmam que não receberam os nomes dos agentes envolvidos.


Formado em medicina por uma universidade pública e com passagem por um curso na Alemanha, o jovem negro e a namorada trabalham em unidades de saúde da rede pública do Rio. Ele acredita que o perfil racial influenciou na abordagem.


"Em nenhum momento fomos tratados como cidadãos. Eles não perguntaram quem éramos, não quiseram saber. Só nos trataram como suspeitos", disse.


A namorada dele fez exame de corpo de delito por conta das escoriações sofridas ao se jogar do carro. Ambos estão abalados e ainda não conseguiram retomar a rotina de trabalho.


"Estamos acompanhando de forma rigorosa e próxima todas as providências investigativas cabíveis. Trata-se de um episódio gravíssimo que, lamentavelmente, poderia ter resultado na morte dos jovens profissionais, cidadãos inocentes e dedicados à saúde pública", disse o advogado que representa o casal, Fillipe Nicolitt.


A Polícia Militar informou que a Corregedoria acompanha o caso. A Polícia Civil investiga a ocorrência.



* Com recursos de Inteligência Artificial


 

REFERÊNCIAS:

 
 
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