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CRIMES POLICIAIS — Família revoltada com absolvição de PM em morte no Vale do Mucuri

  • Foto do escritor: José Adauto Ribeiro da Cruz
    José Adauto Ribeiro da Cruz
  • há 3 dias
  • 5 min de leitura
   — Imagem/Reprodução: Sobrinha da vítima, Daniela Rodrigues segura a foto de Vandir, entre as irmãs do policial civil, Maria Aparecida e Maria Neuza: família cobra justiça.
— Imagem/Reprodução: Sobrinha da vítima, Daniela Rodrigues segura a foto de Vandir, entre as irmãs do policial civil, Maria Aparecida e Maria Neuza: família cobra justiça.

Adauto Jornalismo Policial*


A família do investigador da Polícia Civil Vandir Rodrigues Ferreira, morto a tiros pelo sargento Sandro Machado Vieira, está revoltada após a absolvição do policial. O julgamento do assassinato ocorrido em 2014 na cidade de Malacacheta, no Vale do Mucuri, foi encerrado na noite de ontem (28/8).


O principal suspeito do crime foi isento de responsabilidade pelo Tribunal de Justiça. “Estamos decepcionados com a Justiça e indignados com tudo. Foi um teatro", resume Daniela Rodrigues, sobrinha da vítima assassinada com seis tiros durante uma discussão. A família promete recorrer da decisão. 


O caso trágico que resultou na morte de um policial teria iniciado após uma briga motivada pelo uso de som em alto volume, segundo as alegações durante o julgamento. Os policiais envolvidos na ocorrência tinham um histórico antigo de desavenças.  


Onze anos após o homicídio, a expectativa dos parentes da vítima era de que a Justiça reconhecesse o crime e que o réu fosse condenado, mas a decisão indignou a família.


O assassinato aconteceu no dia 24 de setembro de 2014 quando a PM foi acionada para atender a uma ocorrência de perturbação do sossego, no Bairro Progresso, em Malacacheta. Na denúncia feita pelo também militar Claudinei Souza de Jesus, naquela noite Vandir, que era dono de um carro de cor prata, estava com som alto.


Dois sargentos foram ao local para atender a ocorrência. Quando os militares Sandro e Arnaldo Santana chegaram, o som do carro já estava desligado. Em seguida, eles foram até a casa de Claudinei, quando se depararam com Vandir na rua, usando apenas uma bermuda.


Segundo a denúncia, a diligência poderia ter terminado ali, já que o aparelho de som estava desligado quando os militares chegaram. Mas Vandir passou a questionar os militares, querendo saber o motivo da viatura policial estar na porta de sua casa. O investigador, que já tinha histórico de desavenças com Claudinei, perguntou para os policiais se foi o militar quem os acionou.


Por questões de segurança, os militares começaram a gravar a ocorrência e comunicaram para o investigador. As gravações foram anexadas ao processo. Em maio deste ano, no relatório assinado pelo juiz Bruno de Souza de Viveiros, aponta que Vandir teria se exaltado quando perguntado sobre quem seria seu chefe direto. E passou a questionar a condução dos militares e a filmagem dos acontecimentos.


Vandir pediu para o irmão, Reinaldo Rodrigues Ferreira, ir até a casa buscar sua arma. O sargento Santana ligou para seus superiores e para a chefia local da Polícia Civil pedindo orientações, mas o investigador, já exaltado, se aproximou de Claudinei e passou a questionar o sargento Sandro.


A partir daí, começa uma discussão entre eles. Para evitar o contato físico e uma possível violência, o sargento Santana se colocou entre Vandir e Claudinei.


O investigador começou a questionar a atuação dos militares e sugeriu que haveria uma “armação” entre eles. Vandir se irritou com a filmagem e deu um tapa na câmera, quando o sargento Sandro foca no rosto do investigador. Em seguida, ele parte para luta corporal com o sargento Sandro. O sargento Santana foi socorrer o colega e ambos tentaram conter o investigador.


Nesse momento, o irmão da vítima aparece com sua arma e aponta para os militares, exigindo que eles soltem o investigador. Santana corre para trás da viatura e Claudinei deixa o local alertando os presentes sobre a arma.


O sargento Sandro então saca sua arma, aponta para o irmão da vítima e exige que ele largue o armamento. Vandir tenta pegar a arma de Reinaldo. De acordo com o relatório, os depoimentos divergem se ele chega a tomar ou não a arma do irmão.


O sargento Sandro, ainda deitado, dispara em direção a Vandir, que é atingido seis vezes e morre no local.


Os disparos atingiram o lado esquerdo do tórax, a perna esquerda, a clavícula direita, o rosto e a perna direita. Segundo relatos de duas testemunhas, elas viram o sargento Sandro efetuar o último disparo com a vítima já deitada e indefesa, na região da cabeça.


Sandro Machado Vieira foi acusado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) de ser o responsável pela morte do investigador Vandir Rodrigues Ferreira. Já Reinaldo Rodrigues Ferreira, irmão da vítima, também foi denunciado pelo crime de porte ilegal de arma, por pegar a arma que pertencia ao investigador para tentar defendê-lo. Em outubro de 2023, o juiz Cláudio Schiavo Cruz julgou extinta a punibilidade e o processo contra ele.


Segundo relato da sobrinha de Vandir, Daniela Rodrigues, de 33 anos, o tio morava em Teófilo Otoni e tinha ido passar o fim de semana na casa da mãe, em Malacacheta, quando o crime aconteceu. A família da vítima ainda mora na cidade e reclama que o militar esteve solto desde o crime e que constrangeu os familiares do investigador que ainda vivem na cidade.


Decisão


O julgamento realizado ontem (28/8) começou às 9h e encerrou às 20h15. A acusação sustentou a tese de que o sargento Sandro efetuou mais disparos do que o necessário. Já a defesa do réu alegou que ele teria agido em legítima defesa, reagindo a uma situação de risco. Sustentou ainda que, diante das circunstâncias, não havia outra conduta possível a ser adotada.


Por fim, o júri popular, formado por 24 pessoas, decidiu pela absolvição de Sandro. A decisão foi tomada por maioria dos votos. Os jurados concluíram que o réu agiu em legítima defesa.


Indignação


Para a sobrinha de Vandir, que viajou de Belo Horizonte até o Vale do Mucuri para acompanhar o julgamento, a decisão foi decepcionante.


“Estamos decepcionados com a justiça e indignados com tudo. Foi um teatro. O réu se jogou no chão, tanto que o promotor de justiça pedia para ele ficar sentado. Quando achamos que o promotor estaria do nosso lado ele mudou de lado. Nunca vi um júri se expressar”, relata a sobrinha.


Segundo a família, a condução do júri comprometeu a credibilidade do processo. Eles também criticaram a atuação do Ministério Público.


Para Daniela, a decisão transmite insegurança. “Se um policial civil é morto e não há punição, o que pode acontecer com qualquer cidadão? Nós saímos de lá sem voz e indignados. Vamos pedir o doutor Marcelo que é nosso advogado criminal, junto com Sindicato dos Servidores da Polícia Civil, para recorrer. Isso não pode ficar impune”, declarou.



Em nota, o Ministério Público informou que não pretende comentar a respeito da decisão dos jurados; que não tem outras informações a respeito do julgamento e da sentença; e que não verificou qualquer revolta dos familiares da vítima após a divulgação da sentença. 



* Com suporte de IA Copilot fornecido pelo Microsoft


 

REFERÊNCIAS:

                 


 
 
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