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Soldado PM é preso por se recusar a limpar banheiro sem ordem formal — caso levanta suspeitas de abuso de autoridade e racismo

  • Foto do escritor: José Adauto Ribeiro da Cruz
    José Adauto Ribeiro da Cruz
  • 23 de out.
  • 4 min de leitura

Em um episódio que desafia o bom senso e expõe o uso questionável da hierarquia militar, o tenente da Polícia Militar Éder Franco Brandão, 42 anos, determinou a prisão preventiva do soldado Emanuel Henrique da Silva, 31, após este se recusar a limpar o banheiro da unidade onde trabalha, em Lençóis Paulista (SP), sem uma ordem por escrito.


 — Imagem/Reprodução: Tenente prende soldado que se recusou a limpar banheiro no interior de SP.
— Imagem/Reprodução: Tenente prende soldado que se recusou a limpar banheiro no interior de SP.

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A prisão ocorreu na quarta-feira (22), e o soldado foi encaminhado ao presídio militar Romão Gomes, sendo liberado no dia seguinte após audiência de custódia.


A defesa de Silva, que é negro, aponta perseguição e indícios de racismo. Os advogados classificaram a prisão como um claro abuso de poder, já que o policial não se negou a cumprir ordens, apenas solicitou que fossem formalizadas — algo absolutamente legítimo, especialmente quando se trata de tarefas que extrapolam suas atribuições como agente da lei.


A missão de um policial militar é proteger a sociedade, combater o crime e garantir a ordem pública — não realizar serviços de zeladoria.


A exigência de que um soldado limpe banheiros, sem respaldo formal, soa como uma tentativa de humilhação disfarçada de disciplina.


A Federação Nacional de Entidades de Praças Militares reforçou esse ponto, afirmando que tais serviços devem ser realizados por profissionais da área de limpeza, não por policiais treinados para atuar na segurança pública.


O conflito começou quando Silva, ao chegar ao trabalho, foi informado por um sargento que deveria “dar um talento” no banheiro do alojamento.


Ao solicitar que a ordem fosse formalizada por escrito, o tenente Brandão reagiu com hostilidade, alegando que sua palavra bastava.


Diante da negativa de Silva em cumprir a ordem verbal — especialmente porque outro policial estava usando o banheiro naquele momento — Brandão deu voz de prisão ao soldado.


A PM alegou que testemunhas confirmaram a versão do tenente, mas a defesa apresentou provas de que Silva já vinha sendo alvo de perseguições, inclusive por ter questionado anteriormente a limpeza de uma piscina em meio a obras.


O Tribunal de Justiça Militar considerou os argumentos da defesa válidos e revogou a prisão.


A federação militar também considerou legítima a exigência de ordem por escrito, já que a tarefa não condizia com a função policial.


O caso foi encaminhado ao Condepe (Conselhos Municipais de Defesa dos Direitos Humanos), que deve apurar as circunstâncias da prisão, considerada injusta e humilhante.

A atitude do policial que se prontificou a limpar o banheiro, embora possa parecer colaborativa à primeira vista, revela uma distorção preocupante sobre o papel de um agente da segurança pública. Vamos analisar isso com mais profundidade:


Quando o zelo vira submissão: o equívoco do policial que se ofereceu para limpar o banheiro


A Polícia Militar é uma instituição voltada à proteção da sociedade, ao combate à criminalidade e à manutenção da ordem pública. Seus integrantes são treinados para enfrentar situações de risco, lidar com conflitos e garantir a segurança dos cidadãos.


Portanto, quando um policial militar se prontifica a realizar tarefas de zeladoria — como limpar banheiros — em vez de questionar ordens que extrapolam suas atribuições, algo está fora do lugar.


O problema não é a limpeza, mas o contexto


Limpar um banheiro não é, por si só, uma tarefa indigna. Mas quando essa função é imposta ou assumida dentro de uma estrutura hierárquica militar sem respaldo formal, ela deixa de ser um gesto de humildade e passa a ser um sintoma de submissão acrítica.


O policial que se ofereceu para limpar o banheiro, segundo o tenente Brandão, o fez porque “soube que o local precisava de manutenção”. Mas essa atitude, longe de resolver o problema, reforça uma cultura de obediência cega e desvio de função.


Desvio de vocação


Ao se voluntariar para uma tarefa que não condiz com sua formação e missão institucional, esse policial demonstra desconhecimento — ou desvalorização — do papel que ocupa. A vocação policial exige postura crítica, consciência de direitos e deveres, e firmeza diante de abusos.


Se um agente da lei aceita tranquilamente ser transformado em auxiliar de serviços gerais, talvez esteja na profissão errada. Há outras carreiras onde a disposição para tarefas operacionais é bem-vinda e valorizada — mas na PM, isso pode significar abrir mão da dignidade profissional.


O silêncio que perpetua abusos


A atitude desse policial também contribui para a normalização de ordens abusivas. Ao não questionar a ordem verbal, ao não exigir formalização, ele enfraquece a posição de colegas que, como o soldado Emanuel Silva, tentam preservar seus direitos. A colaboração acrítica, nesse caso, não é virtude — é cumplicidade com o autoritarismo.



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REFERÊNCIAS:

                 

 
 
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