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Supremo Tribunal Federal proíbe mudança de nome de 'guarda' para 'polícia' em cidade da Grande SP

  • Foto do escritor: José Adauto Ribeiro da Cruz
    José Adauto Ribeiro da Cruz
  • 25 de mar.
  • 3 min de leitura

Decisão de ministro do STF veta troca de nome de guarda para polícia em cidade da Grande SP

 — Imagem/Reprodução: Viatura da GCM de Itaquaquecetuba
— Imagem/Reprodução: Viatura da GCM de Itaquaquecetuba

O ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), barrou nesta segunda-feira (24) a mudança de nome de Guarda Civil Municipal para Polícia Municipal em Itaquaquecetuba, na região metropolitana de São Paulo.


A decisão, que pode abrir precedentes, ocorreu após uma reclamação constitucional no Supremo da Associação Nacional de Altos Estudos de Guarda Municipal, a partir de uma liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo que suspendeu uma lei aprovada pela Câmara Municipal da cidade.

Entre outros, a legislação mudava o nome da guarda para polícia e regulamentava as suas atribuições com base em uma autorização do próprio STF

Procurada, a prefeitura de Itaquaquecetuba não respondeu até a publicação deste texto. No último dia 12, o prefeito Delegado Eduardo Boigues (PL) se disse indignado e chamou de absurda a decisão da Justiça.


Um dia antes, o desembargador Ademir Benedito, do Tribunal de Justiça paulista, atendeu a uma ação apresentada pelo procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, que suspendia os efeitos da lei de Itaquaquecetuba e que serviu de precedente para a nomenclatura polícia ser barrada em outras liminares semelhantes contra prefeituras paulistas, como a da cidade de São Paulo.


A decisão do TJSP, em caráter provisório, atendeu a uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) do Ministério Público paulista.


Na avaliação do procurador-geral, a criação de polícias municipais afronta as Constituições Federal e Estadual.


O problema é que a liminar da Justiça de São Paulo suspendeu toda a lei municipal, no caso de Itaquaquecetuba, e não só a parte que mudava o nome da corporação.


Dino manteve o artigo 2º da lei municipal, o que estabelece as atribuições da Guarda Civil de Itaquaquecetuba, mas não o 1º, o da alteração na nomenclatura.


Na sua decisão, o ministro escreve que o artigo 144, § 8º, da Constituição Federal é categórico ao dispor que "os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei".


"Em nenhum momento o texto constitucional confere às guardas municipais a designação de polícia, reservando essa terminologia a órgãos específicos, como as Polícias Federal, Rodoviária Federal, Civis, Militares e Penais", afirma o ministro.


"A denominação 'Guarda Municipal' é um elemento essencial da identidade institucional desses órgãos. Permitir que um município altere a nomenclatura de sua Guarda Municipal por meio de lei local representaria um precedente perigoso, pois equivaleria a autorizar estados ou municípios a modificar livremente a denominação de outras instituições cuja nomenclatura é expressamente prevista na Constituição Federal", diz o ministro, em trecho de sua decisão.


Prefeituras estão mudando nomes a partir da autorização do STF (Supremo Tribunal Federal) para que guardas-civis atuem como polícia. Em julgamento concluído no mês passado, os ministros afirmaram ser constitucional a criação de leis municipais fixando essa competência para essas forças de segurança.


Com a decisão, guardas podem fazer policiamento ostensivo e comunitário e agir diante de condutas lesivas a pessoas, bens e serviços, inclusive fazer buscas pessoais e prender em flagrante. O Ministério Público fará o controle externo das atividades.


Na cidade de São Paulo, a mudança de nome foi aprovada pela Câmara Municipal em 13 de março. No dia seguinte, a gestão Ricardo Nunes (MDB) expôs no centro da cidade uma viatura da corporação com o nome de Polícia Municipal estampado na lataria.

O Ministério Público entrou com a ação no mesmo dia, que acabou deferida na última terça (18)

Reinaldo Monteiro, que dirige a AGM Brasil (Associação Nacional de Guardas Municipais do Brasil), diz acreditar que a decisão desta segunda-feira do ministro do Supremo deverá servir para todos os outros casos semelhantes que tramitam na Justiça no país.


Para a associação, que também fez uma manifestação no STF, a discussão sobre a troca do nome das guardas civis para Polícia Municipal não deveria ser uma prioridade das prefeituras.


Monteiro afirma que a questão da nomenclatura é "perfumaria".


"As guardas municipais precisam manter a sua essência, a institucionalidade e o nome consagrado", afirma. "Essa decisão [do Supremo] vai colocar uma pá de cal nessas leis municipais que tentaram substituir o nome da Guarda Civil Municipal."




 
 
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